Prematuridade: a visão influi no desenvolvimento global, sabia?

01/07/2020 0 Por Maria Amélia M. Franco
Prematuridade: a visão influi no desenvolvimento global, sabia?

Seu filho veio se aventurar aqui fora antes do tempo?  [digamos que tecnicamente sim, mas acredito que para Deus foi no tempo certo]  Ele ainda não estaria pronto para a vida extrauterina. Seu pequeno organismo precisaria de aproximadamente 280 dias para se desenvolver plenamente. Mas a vida e essas pequeninas vidas nos surpreendem!  

Mesmo no meio deste turbilhão de emoções, precisamos falar da visão do seu bebê.

É verdade que essa interrupção pode ter consequências neurológicas, oculares, respiratórias, cardiológicas, intestinais, e causar problemas imunológicos que serão parte da sua história. Assim como a de tantas outras mães de UTI neonatal. Porém, asseguro que a superação também faz parte dessas histórias.

Quanto à visão, vamos explorar esse assunto um pouco mais?  Os oftalmologistas costumam dizer que mais de 80% do que a criança aprende é através da visão. Ela tem um papel relevante em todo o desenvolvimento motor, cognitivo e social. Em especial na vida do prematuro, por sua imaturidade biológica.

Você sabia que o Brasil está entre os 10 países com maior número de nascimentos prematuros? São 279.300 bebês ao ano nascidos antes de completar 37 semanas de gestação, segundo nota publicada pela Organização Mundial de Saúde. No mundo, nascem 15 milhões de prematuros anualmente.

Então, no que ficar de olho?

Um oftalmologista pediátrico deve acompanhar seu bebê periodicamente. Seu bebê prematuro está mais suscetível a apresentar problemas visuais já ao nascer ou ao longo da vida:

  • retinopatia da prematuridade;
  • graus altos de miopia, hipermetropia e astigmatismo;
  • estrabismo;
  • ambliopia;
  • descolamento de retina tardio;
  • glaucoma congênito;
  • catarata congênita; e
  • alterações no sistema nervoso central, com impactos visuais e sensório perceptivos.

Retinopatia da prematuridade

A retina é um tecido que recobre o olho internamente e sua integridade é essencial para a visão com nitidez.

Ela é formada por células especializadas responsáveis por transformar a luz captada em impulsos nervosos, que são processados no córtex cerebral. Então, no cérebro a imagem é revelada com as percepções daquilo que é observado.

Os vasos sanguíneos em volta da retina são a última parte dos olhos a se desenvolver, próximo de completar 40 semanas de gestação, e o crescimento e a maturação das células retinianas termina somente após a 3ª. semana após o parto.

Assim, em bebês que nascem antes de 32ª. semana de gravidez e com peso inferior 1.500g esses vasos ainda estão incompletos e podem crescer de forma irregular e excessiva. Isso depende de variações na oxigenação, instabilidades circulatórias, infecções… Como consequência, a retina sofre com falta de oxigenação e nutrição. Por isso, há um maior risco do neonato desenvolver retinopatia da prematuridade.

Na maioria dos casos as alterações retinianas regridem espontaneamente, porém podem levar à deficiência visual em estágios mais graves da doença.

A manifestação de estrabismo, miopia e descolamento tardio da retina (quando jovem) podem estar associados à retinopatia.

Por isso, o primeiro exame de vista do prematuro deve acontecer entre a 4ª e a 6ª semanas após o parto, conduzido sempre por um oftalmologista. O médico estará atento a qualquer sinal de retinopatia da prematuridade para intervir em tempo e proteger a visão do bebê. Após este exame, serão decididos a frequência das reavaliações e como será a rotina de consultas durante todo os dois primeiros anos de vida.

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Os cuidados com a visão na infância começam aqui. Fique atento aos sinais de problemas visuais desde bebê. Só depende de você!



Erros refrativos

Os erros de refração – miopia, astigmatismo e hipermetropia – são mais comuns nos recém-nascidos prematuros do que naqueles nascidos a termo. A miopia e o astigmatismo são os mais recorrentes.

A maior incidência nessas crianças pode ser decorrente da imaturidade do sistema visual ou estar associada à retinopatia da prematuridade.

Além disso, há uma prevalência de anisometropia, que é uma diferença significativa de dioptrias entre os dois olhos (acima de 2 dioptrias/graus). Isso dificulta o foco e a fusão da imagem de cada olho (interação binocular), podendo resultar na supressão de uma delas, causando ambliopia.

Durante os exames oftalmológicos de rotina é possível verificar a acuidade visual e corrigir os erros refrativos com a prescrição de óculos. Embora bem conhecidos e nem sempre preocupem os pais, precisam ser tratados para não prejudicar o desenvolvimento da visão, que amadurece por volta dos sete anos.

Estrabismo

estrabismo em prematuros tem relação com a retinopatia da prematuridade, os erros refrativos e/ou o comprometimento neurológico (hemorragia intracraniana), que por sua vez estão ligados à idade gestacional e ao baixo peso do bebê ao nascer. Tudo se interliga!

A idade que ele se manifesta é variável. Pode ser identificado nos primeiros meses de vida ou anos depois.

O desalinhamento dos olhos impacta significativamente a visão. Para a criança enxergar bem eles precisam estar alinhados e focar juntos um mesmo ponto. Mesmo que o estrabismo não seja tão evidente (isso acontece), é preciso ser tratado para prevenir a ambliopia e garantir que a criança veja em 3D, sem afetar o campo de visão, a percepção espacial e a funcionalidade visual. Explicamos tudo sobre estrabismo neste link, confira!

Deficiência visual cerebral

A criança enxerga com o cérebro através dos seu s olhos. Então, para ver bem precisa que as estruturas oculares, o córtex e as vias visuais estejam preservados e precisa também receber estímulos adequados.

Porém, na DVC, o sistema visual pode ser afetado de muitas maneiras com o nascimento prematuro. E como está interligado a outros comandos sensoriais e motores, é papel de uma equipe interdisciplinar avaliar a funcionalidade da visão, o processamento visual e a integração sensório-motora.

É complexo! Pode haver redução da acuidade e do campo visuais, dificuldade de fixação, de controle dos movimentos dos olhos (estrabismo, nistagmo, paralisia) e de manter o foco.

Já as falhas no processamento da informação visual podem causar déficits de percepção visuoespacial. Ou seja, pode comprometer a habilidade da criança discriminar objetos, reconhecer faces e expressões faciais, lidar com cenas visuais complexas (com muitos elementos), usar mais de um sentido simultaneamente e até mesmo julgar a profundidade e a distância para sua própria orientação e locomoção no espaço.

O que fazer? Estimular! Buscar centros de atendimento em estimulação precoce. Lembre-se disto: reabilitar a visão é muito mais que ver. Percebemos além dos olhos, com todos os sentidos.

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