4 formas descomplicadas de colocar em prática atividades de estimulação visual

08/11/2016 2 Por Maria Amélia M. Franco
4 formas descomplicadas de colocar em prática atividades de estimulação visual

Está sem saber por onde começar as atividades de estimulação visual, pensando no que seria certo ou errado fazer? Bem, claro que tudo deveria ser pensado de acordo com o diagnóstico do oftalmologista e a avaliação funcional da visão, que vai indicar como a criança enxerga no início do tratamento.

Eu, como leiga, busquei me informar com as profissionais de estimulação visual que assistiram a minha filha, como seria a terapia e quais atividades eram adequadas para o caso dela. Assim, pude fazer o reforço em casa!

E o mais importante: sempre houve o acompanhamento da oftalmopediatra e o feedback contínuo entre elas, para monitorar a evolução da Ceci. Elas que orientam sobre o uso do tampão (oclusor) durante a atividade e o tempo de estimulação dirigida.

Mas sei que nem sempre esse atendimento e orientação é rápido e agora quero ajudar você também a cuidar da visão na infância. Então, confira a seguir algumas sugestões de atividades de estimulação visual que escolhi porque as considero básicas e práticas. São exercícios que promovem desde a percepção da luz à coordenação visomotora, essenciais para o desenvolvimento global da visão.

Ainda, veja algumas dicas especiais sobre a postura da criança e como você deve se posicionar.

Vamos praticar?

Atividades de estimulação visual, com ideias simples e fáceis de aplicar na prática. Vamos lá!

ADQUIRINDO CONSCIÊNCIA VISUAL

| para crianças até a fase de pré-alfabetização |

Perceber a luz é o caminho inicial para o desenvolvimento da visão. Onde e como a luz incide ativará de forma diferente o sistema visual e, portanto, desenvolverá habilidades visuais diferentes. 

Nos primeiros meses de vida a percepção de movimento é mais aguçada que a de formas, pois a visão periférica é a mais desenvolvida. Por isso os brinquedos com listras e padrões em contraste preto e branco chamam primeiro a atenção. 

♦♦♦  Atividades de estimulação visual com esse fim baseiam-se principalmente no direcionamento da luz da lanterna para um objeto ou placa de contraste. 

No bebê típico e saudável você notará até o 3°mês de vida o desenvolvimento ou a melhoria da capacidade de focar e fixar, bem como do desempenho dos músculos oculares ao seguir seus movimentos em alto contraste que se movem lentamente no plano horizontal.

Aos 3 meses a fixação é mais consciente, existe certa atenção visual aos estímulos! O bebê percebe as cores. Entre 3 e 5 meses brinca com as mãos diante dos seus olhos e procura por objetos mostrados e tirados da sua frente repentinamente. Ao final dessa fase já acompanha estímulos em diferentes direções. É o início da coordenação olho-mão! 

♦♦♦ Móbiles e fantoches coloridos os atrai, assim como nossas caras e bocas conversando bem pertinho deles! 

A partir dos 6 meses, o desenvolvimento infantil é marcado pela fase de exploração e aprimoramento das habilidades visuais e da integração dos sentidos. Os olhos trabalham em conjunto, sem desvios e em sincronia para começar a observar um mundo tridimensional, com melhor controle dos movimentos e da extensão de seus membros para pegar o que o atrai. O bebê está adquirindo consciência espacial e de dimensões. 

♦♦♦ Deixe objetos de diferentes materiais, formatos, tamanhos e cores dentro do seu campo visual. Ele deve querer tentar pegar e examiná-los, já usando as duas mãos. 

Permita que o bebê se estique, tente alcançar. Que ele leve sua mão direita para pegar um objeto do lado esquerdo e vice-versa, cruzando a linha média do seu corpo.  

♦♦♦ Mesmo com a melhoria da fixação e segmento, brincar com sombras, com a percepção do que está ao redor, de onde vem um estímulo é maravilhoso para desenvolver a visão periférica, a sensibilidade às nuances mais tênues de contraste. É a base para as habilidades de localização e deambulação. 

Então, observe os marcos do desenvolvimento visual em que se encontra a criança. Ela precisa de funções aprendidas e maduras antes de evoluir para outros estímulos.  

Material

Tenha em mãos lanterna; espelhos; objetos luminosos, espelhados ou metálicos; bolas e brinquedos de diversas cores, formas e tamanhos.

estimulação visual com luz e reflexos luminosos

1. criança é estimulada com lanterna (crédito: Olho de Coruja); 2. par de lanternas; 3. bolas de ping-pong em diversas cores; 4. chaveiro-brinde em forma de latinha de bebidas; 5. diversos bichinhos de borracha; 6. criança é estimulada com bola espelhada (crédito:Once); 7. lanterna de lava; 8. anel de rosas iluminado; 9. bolas de natal coloridas e espelhadas.

Como fazer

  • Reduza a iluminação do ambiente (nem escuro, nem claro), para que o estímulo luminoso se destaque.
  • Trabalhe com um item de cada vez (aumente a complexidade e quantidade de estímulos gradualmente. Dependendo da maturidade neurológica da criança, menos é mais). 
  • Incentive que a criança leve sua mão ao estímulo, pegue o que vê. Permita que toque por instantes o objeto e perceba as diferentes formas e texturas e sinta-se curiosa em segui-lo quando você o manipular. Além disso, notar o interesse dela ao pegar o objeto é também uma forma de avaliação de sua percepção visual e da sua capacidade de coordenação olho-mão. Mas tem o momento de tocar e o de deixar as mãos aguardando! 
  • Lembre-se de alternar o objeto em posição fixa e em movimento lento, dentro do campo visual. Teste distâncias entre 10 e 30cm e posições diferentes (baseie-se nos pontos cardeais do olhar).
  • Intercale a atividade com momentos em luz ambiente, e observe quando a criança já percebe o espaço.
  • Torne as atividades de estimulação visual mais lúdicas! Associe música, conte histórias, faça sons, descreva-os, ensine sobre as formas, as cores e relacione com a vivência da criança (até mesmo nos momentos de alimentação, de higiene, ao vestir-se e outras tarefas de vida diária. Porém, antes de associar sons aos estímulos visuais, é importante perceber se a criança observa e explora o estímulo mesmo quando este não é sonoro. Assim, não há dúvidas de que ela está usando a visão e o som é apenas um artifício para crianças com dificuldade de concentração, ajudando a manter o foco no objeto por mais tempo. 

EXERCITANDO A COORDENAÇÃO MOTORA FINA

Para conquistar a eficiência visual, usando ao máximo o potencial de visão que a criança tem, é importante realizar atividades que promovam ou melhorem:

  a fixação    a focalização    o seguimento    a percepção de contraste e de cores  •  a noção de lateralidade (direita/esquerda) e de profundidade    a coordenação visomotora

Com recipientes, objetos distintos, contas e grãos

♦♦♦ O reconhecimento dos itens e a classificação por tipo ou cor em atividades visomotoras favorecem o desenvolvimento da coordenação olho-mão. Isso é importante para que a criança ganhe autonomia na execução das atividades diárias de sua rotina.

Material

Disponha de recipientes, que podem ser latas de leite em pó, potes plásticos, caixas e garrafas. A proposta é que a criança coloque objetos neles. Quanto mais colorido e contrastante melhor, então, pode decorá-los!

Alterne recipientes de boca larga ou estreitas. Até orifício de canos e canudos podem ser usados.

estimulação visual com recipientes

1. criança seleciona e coloca com as mãos grãos de feijão e milho em caixa de balinhas Tic-Tac; 2. põe pompons coloridos em cilindros de cores correspondentes, usando utensílio em forma de pinça; 3. separa botões por cores e tamanho em embalagem de bombons; 4. coloca tampas de garrafas pet em recipiente feito com a base da embalagem; 5. põe bolas de gude em pote plástico de vitaminas.

Como fazer

  • Pode-se dispor e intercalar os recipientes próximo, ao centro, à esquerda e à direita; na altura dos olhos, um pouco acima e um pouco abaixo. Ou distribuí-los no espaço, propondo um caminho a recorrer por meio da classificação por cor, tipo, forma ou função.
  • Explore a dificuldade, ao passo que note capacidade visual e motora: a criança pode manusear os itens e grãos com as mãos, posteriormente com utensílios em forma de pinça ou com colheres.
Com figuras, desenhos, ilustrações e objetos correspondentes

A proposta é discriminar e rastrear elementos, relacionando imagens ou objetos a imagens. Com isso a criança aprende a perceber as características e diferenças das coisas e a reconhece-las em suas distintas apresentações.

Material

– Cartelas de papel cartão, para colagem
– Livros, revistas, álbum de fotos, imagens em um tablet
– Jogos de memória e de associação
– Objetos, como brinquedos de formas geométricas, animais e utensílios de decoração

Opte por padrões e objetos em alto contraste e que tenham relação com a idade e rotina da criança. Por exemplo, seria um DESestímulo usar números e letras para quem está em fase pré-verbal ou ainda não está alfabetizada.

Procure saber que personagens do universo infanto-juvenil ela conhece e gosta para usá-los também 🙂

estimulação visual com jogos

1. criança faz pareamento de imagens em uma cartela com recortes de personagens em quadrinhos; 2. jogo da memória com personagens da turma da Galinha Pintadinha; 3. jogo para relacionar imagens com sentidos opostos; 4. jogo de encaixe para relacionar objetos afins, com imagens do cotidiano infantil; 5. cartelas com imagens em alto-contraste.

Como fazer

  • Use figuras e desenhos colados em cartelas ou cartazes de papel cartão para que a criança descreva o que vê. Pode usar ilustrações de livros ou fotos (se não forem “poluídas”). Pode ser que durante o processo de aprendizagem, você precise ajudar a criança a identificar e discriminar os elementos da imagem, podendo relatar detalhes de formas, cores, para que serve e até mesmo nomeá-los.
  • Espalhe cartelas de um jogo de memória diante da criança e mostre os pares um a um. Agora, além do reconhecimento da imagem, a criança deve buscar o seu par, usando a visão longe e perto.
  • Há outros jogos de associação que são ótimos também, e mais desafiadores ao passo que estimulam o raciocínio lógico. Você pode usar a mesma técnica acima, indicada para o jogo da memória.
  • E que tal fazer uma caça ao tesouro? Você delimita o espaço (o quarto, a sala, a casa…) e se certifica de que para cada imagem que mostrar, haverá um objeto correspondente para a criança encontrar e guardar no seu “baú do tesouro”. Assim, você mostra no tablet um personagem da Galinha Pintadinha ou de seu desenho favorito e ela vai encontrar o mesmo personagem em pelúcia; ou você mostra a ilustração de um círculo e a criança pode achar uma bola ou outro objeto redondo. E assim vai…
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Com jogos e brinquedos de encaixe

♦♦♦ A ideia é que a criança tenha opções para encaixar e empilhar peças, e colocar argolas em canos e garrafas. Assim é possível trabalhar, especialmente, a noção de profundidade e a coordenação visomotora.

Material

Há vários brinquedos de encaixe disponíveis no mercado e fáceis de encontrar:
– Cubos
– Pinos
– Blocos de construção
– Blocos de encaixe
– Jogo com argolas
– Ábaco aberto
– Potes de encaixe
– Pirâmides de argolas ou peças

E é possível fazer adaptações caseiras com latas, potes plásticos, rolo de fitas adesivas etc.!

Além disso, procure saber que personagens do universo infanto-juvenil ela conhece e gosta para também usá-los nas atividades de estimulação visual 🙂

estimulação visual com peças de encaixe

1. criança coloca peças classificadas por cor no ábaco (crédito: Once); 2. criança sobrepõe latas decoradas (crédito: Massacuca); 3. blocos de montar da Galinha Pintadinha; 4. jogo de encaixe e argolas da Peppa; 5. blocos de construção; 6. fitas adesivas; 7. ábaco aberto; 8. pirâmide de argolas 9. dados empilhados; 10. potes de massinha de modelar.

Como fazer

  • É simples: encaixar e empilhar. Você pode usar um jogo só, ou mesclar dois ou mais, dependendo se a criança está apta a executar tarefas mais complexas.
  • Eu costumava ir além da proposta do jogo quando a Ceci foi crescendo. Juntávamos argolas, potes e outras peças de jogos diferentes, mas que permitiam manter o equilíbrio quando empilhadas juntas. Então fazíamos torres e castelos “bem altos”. Um farol, a torre da Rapunzel, o castelo da Elsa e da Ana…  e assim vai!
  • E a Suellen cria modelos no papel do que ela deseja que a criança realize em concreto, quando a criança já consegue discriminar as coisas pela cor e forma e associá-las. Por exemplo, no papel tem o desenho de argolas empilhadas na sequência de cores tal; e a criança tem que encaixar na mesma sequência.

A sua posição e a postura da criança também contam. Confira algumas dicas especiais!

Ao iniciar as atividades de estimulação visual leve em conta onde vai sentar a criança. Isso é importante também para você saber onde e como poderá se sentar para se posicionar da melhor forma em relação a ela.

Postura da criança

O ideal é sentá-la em uma cadeira de alimentação, ou equipamento indicado pelo terapeuta para manutenção do seu ajuste postural. Para crianças sem alterações de tônus ou postura, um jogo de mesa com cadeiras infantil é ótimo, de forma que sempre possam apoiar seus pés no chão e ajustar-se. Bem, isso nem sempre é fácil! Por isso, é preciso observar e auxiliar com alguns ajustes 🙂

Já a acomodação de bebês precisa ser analisada caso a caso, de acordo com a sua fase de desenvolvimento ou atraso no seu desenvolvimento motor. Em geral pode-se usar o próprio bebê conforto. 

cadeiras para estimulação visual

Postura do estimulador

Aqui entra uma questão bem importante: patologias, como o estrabismo, merecem um cuidado especial na posição em que o estimulador fica em relação à criança.

Sempre que possível, esteja à sua frente, observando a postura. Se for estrabismo convergente, sente-se posicionado mais à esquerda ou à direita do olho a ser trabalhado (observe que o olho vai ser estimulado para seguir mais em direção às têmporas). Se for divergente, sente-se diante do olho ocluído, estimulando que ela centralize mais o olhar. Isso traz melhor resultado para o exercício realizado.

Já nas demais patologias é importante ficar de frente para a criança, na linha mediana. Daí, procure explorar todo o campo visual, sempre que possível.

Eu uso a cadeira de alimentação da Ceci, que é coringa. Ela abaixa e levanta, e tem um mesão daqueles que não passam pela cabeça! Por isso, serve até hoje para fazer as atividades de estimulação visual.

E esse é só o começo. Com criatividade e entusiasmo há muitas ideias de atividades de estimulação visual para pôr em prática. Acompanhe o blog e nossas redes sociais e fique de olho em novas dicas de como estimular a visão em desenvolvimento.

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